Lecionar é uma arte, uma paixão que não conhece barreiras, dificuldades ou condições. Lecionar numa escola do Estado é um desafio ainda maior, devido à falta de muitos recursos presentes na rede privada de ensino. Mas, nem de longe isso parece desanimar o corpo docente e a direção da Escola Estadual Dr. Francisco da Cunha Junqueira, em Bonfim Paulista.
A cada final de ano, após a fase vestibular, contabilizam-se os números de alunos que foram exitosos em ingressar nas universidades que almejaram. É o momento de verificar o resultado de uma união de esforços entre direção, coordenação, professores, funcionários e alunos em prol do desenvolvimento profissional de quem está começando a vida.
Segundo Tânia Maggioni Pippa, professora e coordenadora dos Ensinos Fundamental e Médio, é um momento de comemoração, é um sentimento de realização ver os alunos ingressando no ensino superior. “Todos os anos temos essa satisfação de nos alegrar junto aos alunos que entraram na universidade, tanto pública quanto privada, mas em 2016 três alunos nossos entraram em universidades públicas, um deles entrou em duas, isso é muito gratificante para nós”.
A coordenadora ressalta também a quantidade de alunos que entraram em universidades privadas, apresentando bom desempenho no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). “São jovens que vão progredir e crescer em escolaridade, no trabalho, na vida profissional, e nós esperamos que tenham sucesso, isso mostra que a escola tem uma importância relevante na vida deles”.
Para o professor Wagner Martins Moreira, que leciona Geografia e desenvolve trabalho teatral junto aos alunos, o que move o trabalho de todo professor é o idealismo, é acreditar que o aluno será melhor do que o próprio professor. “Desenvolvemos temas de redação, inclusive acertamos em cheio o tema do Enem do ano passado, lutamos contra o sucateamento, falta de verba, e não permitimos que esses fatores atrapalhem o trabalho em sala de aula. Os debates que fazemos de temas sociais, as provas que elaboramos, sistemas de simulados de vestibulares que aplicamos, tudo isso nós criamos com os recursos que a escola tem e assim demos as condições para que eles fossem aprovados”.
A simulação do vestibular é uma espécie de treinamento, tanto para aprimorar os conhecimentos, quanto para aprender a lidar com a pressão psicológica, que acaba sendo o fantasma que atrapalha o desempenho até de bons alunos. Na escola Francisco Junqueira, o aluno passa pela pressão real do Enem, inclusive seguindo todas as regras da aplicação da prova, como recolhimento de celulares, tempo limite para entrega da prova, alinhamento das carteiras, enfim, é um treinamento em ambiente de realidade.
Para o professor de História, Everton Lopes, cada qual faz seu trabalho como um conjunto de engrenagens em prol do sucesso do aluno. Mas a peça fundamental desse processo é o interesse do aluno. “A diferença básica entre a escola pública e a particular é o interesse do aluno, porque, pela minha experiência, o conteúdo oferecido é o mesmo. Eu trabalho em escola privada e sei que o que se ensina lá segue a rede oficial, que é a escola pública”, diz.
Para o professor Everton, criou-se o estereótipo de que o ensino público não é bom, mas os resultados estão demonstrando o contrário.
Segundo Tânia Pippa, os bons resultados alegram a equipe, mas também aumenta sua responsabilidade. “Erramos, podemos e devemos melhorar muitas coisas, mas não fechamos os olhos para isso. Procuramos crescer como equipe, sempre buscando as melhorias que estão ao nosso alcance”, finaliza.