Na longa novela da Lava-Jato, os episódios que se sobrepõem todos os dias assustam pela superação até das mais absurdas suposições.
Malas de dinheiro guardadas em apartamento, contas ocultas no exterior, departamento da propinocracia instalado dentro de empreiteira, investigados jurando inocência, o presidente denunciado comprando votos no Congresso, gravações às escondidas, outras nem tanto, revelando conversas de bêbados, caravana do presidenciável condenado por corrupção, e mais um monte de fatos que se resumem numa pergunta: Que país é esse?
Ninguém pode negar que a operação Lava-Jato tem sido um esforço sobre-humano na tentativa de conter o escoamento do dinheiro público pelos esgotos da corrupção. Mas, ao vermos uma operação após a outra, num entrelaçamento de irresponsabilidades por parte dos homens públicos, acabamos por desanimar de pensar num final feliz nessa série de tantas temporadas.
A Lava-Jato poderá entrar para a História como a maior operação contra a corrupção na administração pública do Brasil, mas, infelizmente, para a tristeza daqueles que sonhavam em ver punições severas contra os malfeitores da Nação, será também a mais frustrante e ineficaz quando chegar a fase das condenações.
Isso não se dará por culpa da Polícia ou do Juiz Federal, mas sim, pelo espírito corruptor que habita cada letra das leis penais, sobretudo a crimes relacionados aos chamados “colarinho branco”.
Isso tem uma razão muito óbvia. Os que escrevem as leis são os mesmos que se beneficiam da brandura de suas punições e das benesses de suas concessões. Como poderá haver punição severa num cenário em que criminosos são os legisladores?
Adilson Baptista – Jornalista