Quem anda pelas ruas de Bonfim Paulista já pode ter observado um cachorrinho marrom rajado com um papel na boca. Ele é o Dipirona, um cãozinho muito inteligente, que não tem uma casa fixa, mas há quatro anos é carinhosamente cuidado por Rogério Alves e sua esposa, Maria.
Dipirona chama a atenção pela capacidade de entender o que seu amigo fala, por exemplo, quando Rogério anota os números que quer jogar na Megasena e diz “vamos à lotérica”, Dipirona logo pega o papel na boca, dispara na frente e vai para a lotérica, onde aguarda Rogério pagar a aposta.
Outra utilidade do cãozinho é quando Rogério quer fazer compras. Ele entrega a lista para Dipirona e o informa que vai comprar no Zilo. O amiguinho corre pro mercado, entrega a lista e aguarda o dono pagar a conta e pegar a encomenda.
Rogério trabalha com entrega de panfletos, jornais, por isso o cachorrinho sempre o observou e passou a fazer o mesmo, pegar papéis e transportar, vendo no ato alguma importância, já que o dono sempre o fez com muito cuidado e profissionalismo.
Dipirona é, portanto, considerado um animal comunitário, que é aquele que, apesar de não ter proprietário definido e único, é adotado por grupos específicos de pessoas, que têm a responsabilidade de cuidar de um ou mais animais, sem necessariamente levá-los para casa.
Essas pessoas precisam oferecer todas as condições para que os animais tenham uma vida saudável, ou seja, o animal estabelece com a população do local onde vive vínculos de dependência e manutenção.
É importante ressaltar que, segundo Rogério, Dipirona nunca sofreu maus tratos para aprender a fazer o que faz. O fato dele gostar de carregar papeis na boca não significa que tenha sofrido qualquer pressão para faze-lo. “Ele é um cãozinho feliz, porque tem liberdade, vai para onde quer, mas ele gosta de ficar perto de mim, e o fato dele me copiar só me faz feliz, somos muito amigos”, explica Alves.
Adilson Baptista – JB